Escandalosa. Ser ou não ser?
Eis a questão que desafia a imprensa européia. Na Inglaterra, dos tablóides
sensacionalistas, apesar dos ventos contrários que jornais como o Sun vêm enfrentando, a imprensa sensacionalista que explora escândalos - de preferência sexuais -. fofocas, faits divers e entretenimento continua com tiragens milionárias. O SW1, por exemplo, vende 3,7 milhões de exemplares. Já vendeu quatro milhões, mas os excessos cometidos na cobertura da morte da princesa Diana parecem ter deflagrado um certo descontentamento do público com a imprcnsa sensacionalista.
Este tipo de imprensa se beneficia das leis extremamente liberais existentes na Inglaterra e de urna interpretação bem ampla do que seria um código de ética por parte das entidades profissionais que congregam os jornalistas ingleses. Os leitores atraídos pelos jornais populares são basicamente jovens operários e funcionários não qualificados. principalmente do sexo masculino. Ainda não se pode falar em crise, mas o público da imprensa sensacionalista vem diminuindo, preferindo ver mais televisão ou mesmo comprar os jornais tradicionais que dedicam cada vez mais espaço para assuntos populares, esportes e entretenimento. A família real é um dos alvos prediletos da imprensa popular e são poucos os instrumentos jurídicos com que ela conta para proteger sua privacidade.
Na França, a situação é totalmente diferente. Leis muitas rígidas e um código de ética extremamente rigoroso garantem a privacidade dos cidadãos. A diferença entre o público e o privado é claramente delimitada e respeitada e as penas para quem cruza indevidamente a fronteira são pesadas, tanto financeira quanto juridicamente. Durante o governo de François Mitterrand. por exemplo, toda a imprensa francesa sabia da existência de uma filha, Masarine, que o presidente tinha tido de uma outra relação. No entanto, isto só foi noticiado, quando Mitterrand enviou claros sinais que não queria mais manter o segredo. No enterro do presidente morto em 1996 vitimado por complicações causadas por um câncer, as duas famílias participaram juntas de todas as solenidades oficiais. Aliás, na morte do presidente,a imprensa francesa deu outra manifestação de civilidade. Apesar de ser do conhecimento de todos que Mitterrand agonizava em seu apartamento particular. nenhuma equipe de jornalistas dava plantão diante do edifício. A notícia da morte foi divulgada oficialmente pelo presidente Jacques Chirac.
Tanta civilidade não impediu. no entanto que no velório privado alguém tivesse feito uma foto do corpo do presidente com uma minicâmera e a vendesse para o Paris Match que a publicou. Foi um escândalo. (E.S.)
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